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terça-feira, 15 de março de 2011

UM CONTO, EU CONTO

"Um Conto, Eu conto". Esse é o nome da sessão que eu inauguro hoje aqui no blog.
Primeira de uma série, a intenção dela é a de tornar o dia  a dia da gente um pouco mais leve.

Sabe aquelas histórias que a gente ouve no ônibus? Ou aquelas que aconteceram com a prima da nossa prima ou a vizinha da rua da esquina? E aquelas que a gente tenta disfarçar, mas sabe que fizeram parte da nossa vida? Então, que tal transformá-las em um conto que, de forma bem humorada, serão protagonizadas por personagens tão vivos que, às vezes, podem se confundir com a gente mesmo... Essa é a intenção: criar uma inquietação, reviver lembranças e deixar um gostinho de "quero mais".. A questão é "se a carapuça servir", então, atingi o objetivo.

Vamos conhecer hoje a história de Iasmin

A Espera de Iasmim

Esperava ansiosa por aquele telefonema.
Sabia que se ele realmente ligasse, confirmaria tudo o que ela pensava a seu respeito.
Afinal, a saudade que dilacerava o seu peito podia provocar nele aquele mesmo desconforto que terminaria com um simples telefonema.

Passou pelo telefone várias vezes, esperando que soasse um toque, uma vida de dentro daquela tão espetacular e, ao mesmo tempo, tão angustiante invenção. Pediu a Deus que o avisasse da sua aflição. Queria ouvir sua voz só por alguns segundos. "Aquela voz e aquela parada, seguida de um suspiro", pensava. O suspiro, o mesmo que sentiu quando ele a beijava o pescoço. O calor da sua respiração a conduzia a puro êxtase.

Cansou-se de esperar.Tentou distrair aquela ansiedade, mas não conseguiu. Olhou o violão estendido no sofá e lembrou das canções que só ele sabia tocar. Olhou o céu repleto de estrelas, que só ele sabia desvendar. Triste, julgou impossível ouvir o telefone tocar. Mas, naquela noite, ele tocou, nem uma nem duas, mas três vezes. Atendia a todos com muita disposição e acabava se conformando com outra voz. Conversou por alguns instantes com os amigos e os convenceu de que precisava findar uma tarefa, o que a impedia de prolongar o papo.

Foi tomar banho. Estava com o coração partido, enganado. Pensou só em si mesmo e deixou a água escorrer pelo corpo.Sentiu-se mais leve e pensou nos motivos que o impediram de ligar. "Pode ter ligado, mas o telefone, só ocupado, não lhe deu chances. Sem crédito no telefone, ele não pôde retornar"; "não, seu celular devia estar estragado"...

Riu de si mesma e concluiu que tudo aquilo não passava de pura ironia do destino, mas pensou também na possibilidade do telefone estar fora do gancho. Interrompeu o banho, correu pela casa, molhou todo o chão e foi conferir o aparelho que continuava ali, inerte.

Continuou o banho. Resolveu sair. Não iria ficar ali naquela prisão que criou para si mesma. Arrumou-se toda, convidou uma amiga e combinou um programa. Estava animada e conseguia disfarçar a ansiedade. Ficou pronta, conferiu se nada faltava na bolsa, no rosto e no vestido. Certificou-se de que tudo estava certo, trancou a porta e chamou o elevador.

Porém, antes de entrar no elevador para se dirigir à portaria, ouviu um barulho, um toque que fez a lembrar do telefone. Correu para a porta, mas de tanto tremer, errou a fechadura e, na segunda tentativa, conseguiu abrir. Esqueceu-se dos xixis que costumeiramente seu cachorrinho fazia perto da porta, pisou num deles e escorregou, machucando um dos joelhos. Mancando e sem condições e sem condições de se recuperar do tombo, alcançou o telefone. "Alô!" Mas, para a sua infelicidade, "alguém do lado de lá" parecia ter desistido e aqueles poucos segundos ao telefone foram suficientes para ouvir tun...tun...tun...

O joelho doía muito. Precisou ligar para a amiga e dizer que, devido à situação em que se encontrava, o passeio deveria ser adiado. Desmarcou a saída, chorou um pouco, por tudo e pela falta "do seu tudo". Ligou o rádio para se distrair um pouquinho, deitou e adormeceu enquanto a música invadia o ambiente.

O rádio continuou ali, ligado, e, para quem passasse ou sintonizasse naquele momento, só se podia ouvir o desejo de um romântico desesperado que dizia ter perdido o telefone da amada e que depois de muito esforço para conseguir, o telefone tocou e sem sinal dela.

Era assim: "Iasmim, meu amor, não se esqueça de mim, pois toda vez que o meu coração bate, lembro-me de você, de nós. Ligue para esse telefone ..., devo voltar daqui a uma semana e queria que fosse comigo. Me ligue. Beijos de quem te ama muito".

Depois disso, o telefone tocou...tocou...tocou...

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